A COP30 em Belém (PA), a Conferência do Clima das Nações Unidas, não foi apenas um palco de debates diplomáticos e ambientais. Pela primeira vez na história do evento, o agronegócio brasileiro garantiu um espaço de destaque e voz própria: a AgriZone. Liderada pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e por entidades do setor produtivo, a AgriZone se consolidou como uma vitrine tecnológica e um ponto crucial para a mudança de narrativa do setor rural do Brasil perante o mundo.


A “Casa da Agricultura Sustentável” no Coração da Amazônia

Localizada estrategicamente na sede da Embrapa Amazônia Oriental, a AgriZone funcionou como uma área paralela de debates e demonstrações práticas, a poucos quilômetros das zonas oficiais (Blue Zone e Green Zone). O objetivo central do espaço foi claro: mostrar ao mundo que o agro brasileiro não é parte do problema, mas sim uma dupla solução para os desafios climáticos e de segurança alimentar global.

A iniciativa reuniu instituições públicas, setor privado, pesquisadores e agricultores, promovendo mais de 400 eventos ao longo da conferência. O foco dos debates incluiu:

  • Bioeconomia Amazônica: Explorando o potencial de cadeias produtivas florestais.
  • Agricultura Regenerativa: Práticas que melhoram a saúde do solo e aumentam o sequestro de carbono.
  • Pecuária de Baixo Carbono: Apresentação de sistemas de rastreabilidade e produção mais sustentável.

Vitrine Tecnológica na Prática

Um dos maiores atrativos da AgriZone foi a Vitrine Tecnológica Viva, instalada na Fazenda Álvaro Adolpho da Embrapa. Este espaço demonstrou in loco o sucesso das tecnologias brasileiras adaptadas aos trópicos, essenciais para o setor rural.

Os visitantes internacionais, ativistas e diplomatas puderam ver de perto:

  • Sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF): Modelos que comprovadamente aumentam a produtividade ao mesmo tempo em que sequestram carbono.
  • Cultivares Resilientes: Apresentação de mais de 45 novos cultivares e 30 sistemas de produção adaptados a estresses hídricos e mudanças climáticas (como soja, café robusta amazônico e feijão).
  • Agricultura Familiar e Agroecologia: Soluções específicas e inclusivas para o pequeno produtor, mostrando que a sustentabilidade é plural.

Importância Estratégica para o Setor Rural

A relevância da AgriZone para o produtor e para a imagem do agronegócio é imensurável:

  1. Mudança de Paradigma Global: A AgriZone permitiu que o Brasil vendesse sua imagem como líder em agricultura tropical sustentável. Em um evento onde o foco estava na Amazônia e nas emissões, o setor demonstrou com dados e práticas que é possível produzir em alta escala, alimentar o mundo e, ao mesmo tempo, preservar o meio ambiente.
  2. Valorização da Ciência Brasileira: O espaço deu visibilidade internacional à pesquisa de ponta da Embrapa e de outras instituições, essenciais para o desenvolvimento de soluções adaptadas ao clima.
  3. Posicionamento Político e Econômico: Ao garantir um lugar na rota oficial do evento e promover debates de alto nível (muitas vezes, com mais destaque do que o próprio Ministério da Agricultura e Pecuária), a AgriZone reforçou o peso e a organização das entidades do agro, como a CNA e a CropLife, na formulação de políticas climáticas globais e na busca por financiamento verde. O setor conseguiu mostrar que é uma força para o desenvolvimento sustentável.

O sucesso da AgriZone na COP30 indica que o debate sobre clima e alimento está definitivamente consolidado na agenda do agronegócio, posicionando o setor rural brasileiro na vanguarda das soluções ambientais e tecnológicas para o futuro.

por Portal AgroLei.com

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